domingo, 1 de maio de 2011

Flashback!

Então você aparece. Como num flashback, me faz voltar no tempo e acreditar que as coisas poderiam ter sido diferentes. Relembra dos melhores momentos, e jura que nossos erros, não passaram de simples enganos. Eu finjo que acredito, e deixo acontecer só pra saber até onde você quer chegar.
Sei o caminho de volta, não corro mais riscos de me perder novamente em você.
Conversa vai conversa vem, e você já está chamando minha mãe de sogra novamente. Você diz que o que nos uniu, distância não separa.  Discutimos sobre o passado, o presente, e o futuro. O meu futuro. Como num sonho, você se enxerga nele, mas quando abro meus olhos, não te enxergo aqui.
Então você decide que quer me ver. Eu decido não discordar de você.
Vou ao seu encontro, mas deixo meu pobre e ingênuo coração em casa, trancado na última gaveta do meu armário. Apenas o meu corpo, apenas a minha mente querendo se distrair com o que já foi motivo de loucura.  No telefone, na internet, na esquina daquela rua onde ninguém vai. Nós não estamos juntos, estamos apenas relembrando o passado.
Ouvi dizer que estão construindo uma máquina do tempo por aí. Pra mim, nenhuma novidade. Nos nossos encontros, sinto como se o verão nunca tivesse passado. Como se o Outono jamais tivesse pronto para chegar e estragar as coisas.
Enquanto eu acho graça dos seus abusos,  você diz que eu deveria aproveitar mais a vida.
Seu cheiro está na minha roupa, minha roupa está no chão. Estou novamente nos seus braços, fingindo que esse já não é mais o meu lugar. Que seu beijo já não é o meu remédio, e que seu sorriso nunca foi  a coisa mais linda desse mundo. Enquanto você acaricia meu rosto – daquela maneira que só você saber fazer – diz coisas bonitas em voz baixa no meu ouvido – mesmo sabendo que aquela não é a primeira vez que escuto coisas assim.
Eu estava lutando contra meus próprios princípios, para aceitar você de vez em mim. Aquilo parecia a coisa mais suja do universo, mas nada disso importava porque você simplesmente estava por perto. Você e suas piadas, suas músicas cheias de ideias e o seu cheiro de perfume importado.
Quando dei por mim, nossa aventura de uma noite se transformou em semanas.
Aí você não apareceu, não retornou minha ligação e nem respondeu o meu scrap. Foi aí que abri a última gaveta do meu armário e percebi que o meu coração já não estava mais lá. Você o roubou, como todas as outras vezes. Como com todas as outras garotas.
Agora estou, relembrando, só que dessa vez, sozinha.

O tempo e a falta!

Sempre me disseram que se deve ser feliz de dentro pra fora. Pois se é assim, então eu não sou. Eu guardo sentimentos ocultos. Eu guardo melancolia. Eu alimento minhas nostalgia.
E em dias como hoje, desenterro todo o meu passado e brinco de voltar no tempo com as palavras. De mudar o que já acabou. De eternizar o que nem durou.
Talvez a vida seja mesmo isso. Guardar sentimentos.
Eu só não consigo entender como as pessoas conseguem com o tempo, simplesmente se desfazer de tudo isso. O tempo pra mim, não muda nada:  Deixar as coisas mais distantes só faz com que a minha vontade de alcançá-las aumente.
Sinto saudade de tudo aquilo que já passou. De todos os cheiros, de todos os erros e de todos os medos. Dos amigos que se foram. Dos idiotas que me fizeram aprender o que é sofrer.
Sinto falta de caber no banco de trás do carro dos meus pais. Do meu primeiro colégio e das suas exigências sem fundamento. Da minha professora do infantil que me faz acreditar que eu era diferente.
Sinto falta de tudo aquilo que tive que deixar, de tudo aquilo que me deixou antes mesmo de chegar. Dos abraços e das lágrimas que eu não deixei cair. Da cor do meu quarto quando o sol batia pela janela. Da música que tocava naquela viagem de família.
Mesmo sabendo o final da história, eu não faria diferente. Eu faria de novo. Pra sempre.